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segunda-feira, 15 de março de 2010

Dos intelectuais e dos pobres mortais


Encontrei uma figura, para dizer o mínino, engraçada. Numa roda de estudante de jornalismo, ele se sabia brilhando. Na posição de velho guerreiro que conquistei a duras penas, não por idade mas pela intensidade e coragem com as quais sempre vivi, logo decifrei o enigma: a minha frente havia mais um tipo de rosto bonitinho e sedutor; mas com borboletas coloridas voando livremente dentro da cabecinha.

Tudo bem, pô, cada qual tem o direito de se iludir da forma que bem entender. Além do mais, compreendo pessoas com necessidade incontrolável de fazer-se visível. Afinal, essa é a única forma possível de felicidade para espíritos indóceis consigo mesmos e insatisfeitos com a própria vida. A verdade de cada um pode ser dissimulada para o Outro mas nunca para si próprio.

Faz tempo que deixei de alimentar inimizades por conta de defeitos de personalidades, também tenho os meus. Reconheço-os. Isso basta para boa convivência.

Cumprimentei todos os amigos, como sempre. Ao cumprimentar o rapaz, ele apertou minha mão com força e segurança. Aquele tipo de aperto que pode significar tanto segurança verdadeira quanto sensação incomoda de ter alguém brilhando mais que você.

Trocamos algumas palavras e perguntei a ele se só aparecia por lá às segundas-feiras, pois havia sido o primeiro dia que o via. Foi então que ele aproveitou a deixa para responder muito mais do eu peguntara.

- Venho sempre que posso, trabalho em jornal e não tenho muito tempo.

Minhas impressões inicias foram confirmadas. Ele aproveitava o momento para me fazer inveja com o invejável trabalho e o implícito poder intelectual contido em empregos do tipo. Mas o podre nem podia imaginar o quanto pessoas como eu, que convivem ou conviveram com a verdadeira casta intelectual brasileira - e sabe o quanto são chatos - desprezam tanto os intelectuais de verdade quanto os pseudo-intelectuais e os ilustres desconhecido. Mesmo assim, quis fazê-lo feliz.

- Em qual jornal você trabalha? – Perguntei interessadíssimo.

- No Estado de São Paulo.

Respondi mais interessadíssimo ainda. – Nossa que massa!

Em seguida, virei as costas e fui me juntar aos pobres mortais.

domingo, 7 de março de 2010

Depois de uma jornada

O último texto publicado neste blog foi em dezembro. Como se pode verificar abaixo, trata-se de um texto amargo, no qual tomei a missão quixotesca de defender o indefensável, lutar por uma causa que, idiotamente, acreditava ser coletiva. Na realidade, o que alucinei ser importante para a construção de religião respeitosa não passava de um devaneio particular.

Há alguns meses, decidi cuidar da minha própria vida. Eliminar definitivamente fragmentos de um passado doloroso e inútil. Tão inútil quanto esbravejar por mudanças de um mundo imutável. Entretanto, graças a Deus, eu não faço parte das coisas imutáveis.

Mas o objetivo deste texto não é falar sobre o passado ou decisões tomadas a cerca da minha vida. Afinal, ninguém me perguntou nada e nada devo a ninguém.

A partir de hoje, tentarei publicar um texto por semana neste blog. Pretendo escrever sobre teatro, literatura, cinema, pintura, música... vá lá, política. Além disso, crônicas e contos.

Espero que acompanhem e gostem!

Um abraço do Wagner