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domingo, 30 de agosto de 2009

Notas esparsas da vida

Wagner Ribeiro diz:
E aí, querida.

Wagner Ribeiro diz:
Tudo bom?

·$#FF0000ϟ ·$#000000иєfιℓιм ·$#FF0000«ιи∂υℓgє ∂σм» · diz:
Oie! td joiah!

·$#FF0000ϟ ·$#000000иєfιℓιм ·$#FF0000«ιи∂υℓgє ∂σм» · diz:
e como vc tah?

Wagner Ribeiro diz:
Tudo tranquilo...

Wagner Ribeiro diz:
Onde vc está?

·$#FF0000ϟ ·$#000000иєfιℓιм ·$#FF0000«ιи∂υℓgє ∂σм» · diz:
Em casa

·$#FF0000ϟ ·$#000000иєfιℓιм ·$#FF0000«ιи∂υℓgє ∂σм» · diz:
não fui embora ainda

·$#FF0000ϟ ·$#000000иєfιℓιм ·$#FF0000«ιи∂υℓgє ∂σм» · diz:
acho q vou na terça

Wagner Ribeiro diz:
Ata

·$#FF0000ϟ ·$#000000иєfιℓιм ·$#FF0000«ιи∂υℓgє ∂σм» · diz:
quero enforcar a prova q vou ter e naum tou afim de fazeer

Wagner Ribeiro diz:
Novidades?

Wagner Ribeiro diz:
rsrsrss

·$#FF0000ϟ ·$#000000иєfιℓιм ·$#FF0000«ιи∂υℓgє ∂σм» · diz:
nenhuma, td na msm, tou tentando terminar meu trabalho aqui mas nem rola

·$#FF0000ϟ ·$#000000иєfιℓιм ·$#FF0000«ιи∂υℓgє ∂σм» · diz:
e tu, porq tah triste?

Wagner Ribeiro diz:
Não sei. Só sei que estou triste. Coisas estranhas. Parece que há frio e umidade vindo de dentro de mim. Um sensação horrível de estar oco. Tento escrever, não consigo. É difícil escrever sobre algo que não se o que é... Ou melhor, se sabe mas não se quer admitir...

ϟ иєfιℓιм «ιи∂υℓgє ∂σм» diz:
Iiiii, depressão?

Wagner Ribeiro diz:
Não sei se pode chamar de depressão a sensação de que o mundo é plástico demais. Estou naqueles dias em que se procura algo realmente importante para continuar lutando...

ϟ иєfιℓιм «ιи∂υℓgє ∂σм» diz:
Meu, então, tá perdido, porq nada vale a pena! o foda é q nem sempre admitimos isso, talvez, seja por isso q tantas pessoas ficam religiosas, se apegando no inacreditavel pra seguir suas vidas mediocres...

Wagner Ribeiro diz:
É... o saco é isso. Mais saco ainda é precisamos continuar. Acho que estou precisando de férias de tudo isso. Preciso viajar. Sozinho. Como sempre faço. Um comtemplador na mediocridade e da bestialidade humana. Queria sair de casa, contratar um michê e foder a noite inteira, só pelo prazer de, depois de saciado, pagá-lo com o dinheiro que ganhei vendendo a desgraça alheia. Sentiria-me melhor.

ϟ иєfιℓιм «ιи∂υℓgє ∂σм» diz:
Poético isso!

Wagner Ribeiro diz:
Sabe, quero me sentir um grande canalha, filho da puta mesmo... Coisa que, na verdade, eu sou mesmo. Mas, de vez em quando, preciso reforçar isso...

ϟ иєfιℓιм «ιи∂υℓgє ∂σм» diz:
Somos todos tão ruim quanto o possivel!

ϟ иєfιℓιм «ιи∂υℓgє ∂σм» diz:
na real, viver como baile de mascara (algo q tds estão sujeitos), aquela pessoa q escolher viver sem, msm se achando FDP, ela não o é, quando escolhemos viver sem a mascara, passamos de viloes pra mocinhos.

Wagner Ribeiro diz:
Verdade. Ruth, já estou me sentindo bem melhor. Noite passada, eu conversei com muitas pessoas pelo MSN. Viados complexados, sofrendo dentro de casa porque foram abandonados. Enclausurados, ficam lamentado existir, tentando encontrar algo parecido com esperança. Acho que esse vírus me infectou, adoeci de sentimentalismo. Agora que disse a você que sou canalha, estou mais feliz...

ϟ иєfιℓιм «ιи∂υℓgє ∂σм» diz:
vc dificilmente será canalha, porq, uma vez q vc tirou essa nevoa q cobre tds estes seres idiotas q nos cercam, vc ve com mais clareza, e então vc sabe, q não existe o bom ou o ruim, certo ou errado. Vc pode se sentir canalha, pra se sentir melhor. mas no fundo vc sabe q nada disso realmente importa.

ϟ иєfιℓιм «ιи∂υℓgє ∂σм» diz:
sentimentalismo eh uma bosta. deixa as pessoas vuneraveis ao ridiculo!

Wagner Ribeiro diz:
Essa conversa vai para o meu blog.

ϟ иєfιℓιм «ιи∂υℓgє ∂σм» diz:
hehe'

ϟ иєfιℓιм «ιи∂υℓgє ∂σм» diz:
olha, essa é a diferença entre falar com vc e com qquer outra pessoa.

ϟ иєfιℓιм «ιи∂υℓgє ∂σм» diz:
uma vez o Einstein disse q uma vez q sua mente se abre ela jamais volta ao tamanho q era. O foda é q ngm se questiona com frequencia. Preferem ser futeis e falar de trivialidades com medo de debater algo complexo. Com vc podemos discutir isso abertamente sem o medo do ridiculo.

Wagner Ribeiro diz:
Não vejo o por quê temer o ridículo se não há nada mais ridículo que viver. O primeiro ato ridículo do Homem é o nascimento. O último é a morte, quando o entretempo de um e outro fica à margem das lembranças das pessoas. Depois essas lembraças ganham peso, imergem em águas turvas e desaparecem. Então, nos tornamos, ao mesmo tempo, uma grande molecagem da vida e o grande mistério dela mesma.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Pessoal, deletei a maioria dos textos antigos, quase todos mesmo. Acho uma chatice ter monte de coisas que mais perde tempo lendo. E tem a vantagem de poder postá-los futuramente e parecerão inéditos.

Um abraço a todos!

É verdade que escrever dói?

Corro os olhos pelos livros. Sinto uma tristeza tão fria que chega a doer nos ossos. Só Deus sabe quantas lágrimas foram derramadas para dar vida aquele monte de folhas secas. Em conversa com um amigo, que é um grande escritor, ouvi: "ser escritor dói. Dói muito". Não compreendi o que ele queria dizer. Até então, o ofício "santificado" era só um sonho. E os sonhos só são bons quando não são reais, pois na medida em que adquirem substância também se tornam cruéis e injustos como a realidade mesma. Meu amigo estava coberto de razão.

Tanto tinha razão que cá estou eu, trancado em meu escritório no fim de uma tarde cinzenta e gelada. Na parede à minha frente está o quadro cubista esposizione de una vita, de Romano di Martino, além de diversos trechos de romances e de poemas dos meus autores amados. Ao redor do meu computador, dezenas de livros espalhados: a bagunça característica tanto da mesa quanto da minha vida. À direita, minha estante com mais de 600 títulos que acumulei à duras penas, sacrificando minhas diversões noturnas, minhas roupas da moda, meus caprichos.

Toda esta atmosfera me provoca angústia. E essa angústia é fruto de um questionamento. Por que escrever?

Damos início a essa tarefa espinhosa porque sabemos que algo dentro de nós vai mal; sentimos um desagrado improvável com o mundo e com nós mesmos, com efeito, abrimos mão de tudo o que é postiço. Logo, já que perdido o mundo das aparências - o querido mundo das aparências - resta-nos criar novos mundos.

Ao tomar os livros nas mãos, os leitores acreditam que, numa feliz tarde de verão, o Autor não tinha nada importante a fazer e decidiu sentar-se para escrever uma história. Mas não é bem assim que acontece. Dá-se um duro danado construir o enredo, tentar definir a estrutura que melhor corresponda ao projeto no qual se está trabalhando; sem falar nas personagens que decidem se digladiar com o pobre escriba. Depois da obra pronta – no geral – parece que tudo surgiu facilmente. Entretanto, para se atingir essa naturalidade necessária, uma personagem pode fazer o Autor esbravejar, gritar, enlouquecer, chorar, gemer, resignar-se. E ainda assim voltar ao trabalho.

Cabe então uma pergunta; de onde surgem essas personagens mirabolantes capazes de proezas impensáveis por pessoas mentalmente sadias? Seriam mesmo criaturas surgidas do nada? É lógico que não! João Silvério Trevisan dá a dica em seu indispensável romance O Livro do Avesso.

Repare na apresentação da obra:

"espelho: porque escrever é estar necessariamente diante do espelho.
"O Autor se reflete à procura de algo parecido com sua verdade.
"Mas, ao realizar esse mergulho, o Autor se assusta.
"No fundo de si mesmo, no seu Santo dos Santos, está instalado um desconhecido. O outro.
"O Autor não sabe que do mundo só vemos as costas: o Outro é a parte detrás de si mesmo.
"Quando, então, o Autor poderá se ver frente a frente e desvelar seu próprio rosto? Talvez nunca. Talvez não convenha.
"O autor precisa aprender a se olhar no espelho e ver aí refletido o Outro. Aprendizado indispensável.
"Contemplar a si mesmo seria, afinal, tão insuportável quanto descobrir a face de Deus.
"Ao Autor, só resta perder-se."

Somos nossos próprios personagens, do mais ridículo ao mais respeitável; do mais desprezível ao mais amável. Dentro de nós existe o Outro e, dentro deste outro, inúmeros Outros que vão se preenchendo infinitamente. Este processo acontece porque o escritor é um ser permeável, um ladrão sórdido que se apropria das belezas e das desgraças do mundo, dos Homens e acaba fundindo-se a elas. Dessa forma, torna-se uma espécie de Catoplebas, o animal mítico que aparece para Santo Antão em A tentação de Santo Antão, de Flaubert, depois recriado por Borges em O livro dos seres imaginários. O Catoplebas é uma criatura absurda que devora a si mesma, começando pelos pés. O escritor é algo parecido - em sentido figurado, óbvio -, pois canibaliza suas experiências e as usa como matéria-prima para suas histórias.

Pois bem, tentemos compreender esta mixórdia. Começa-se a escrever porque há algo que vai mal; então, por que dói ao externar esse incomodo? Pela lógica, o escritor deveria sentir-se aliviado ao terminar uma obra já que ele tirou o aborrecimento de dentro de si e o transpôs em palavras. Um erro grasso pensar dessa forma. Externar não significa resolver o problema. Medonho não é escrever mas sim não ser lido. E quando lido não ser levado a sério (é o que sempre, ou quase sempre, acontece).

Contudo, existem centenas de escritores por aí declarando aos quatros ventos que não pretendem influenciar a vida de seus leitores. Isso é um fingimento descarado. Todo texto nasce com um propósito, de modo contrário ele não precisaria existir. Se escrevo sobre paixões avassaladoras cujos personagens ultrapassam barreiras e culminam sempre num final feliz, está aí o compromisso da obra. Compromisso que eu desprezo. Por acaso alguém conhece final feliz na vida? O fim da vida não é inevitavelmente a morte? E quem quer morrer? Ninguém. Passa-se a existência evitando o assunto, fingindo que não vai morrer.

Utilizei a morte porque é um caso emblemático de como as pessoas preferem se enganar que encarar a verdade.

Mas o escritor é astucioso. Ele conta mentiras verdadeiras; pois, literatura é um espelho. Portanto, ler é mergulhar dentro do espelho. Súbito nos encontramos ali, do outro lado, em meio a pessoas, objetos e situações que nos são familiares. Identificamos-nos com as dores, as frustrações, as angústias e até mesmo com as alegrias das personagens. Se existe essa identificação é porque a história se parece tão real quanto nós mesmos. Essa realidade ilusória só é possível porque o escritor possui a habilidade de apresentar às pessoas o que elas são mas não podem – ou não querem – enxergar. O processo de desvelar o Outro é tão doloroso pelo simples fato de que o Outro está dentro de nós.